segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Márcio César Teixeira Massignani - Poesias

SILÊNCIO
...”aos meus tempos de escura espera...”
O silêncio invade meu quarto,
A escuridão penetra meus olhos,
A solidão destrói meu corpo,
A agonia corrói o peito dos mortos.

São horas de desespero em vão,
É solitário o vil que morreu sem porque,
É invisível aos meus olhos tua paixão,
É impossível eu ainda ter você.

Sorriso triste me invade a alma inteira,
minha cripta esta escrita em sangue,
Rosa murcha, envelhecida, hoje foi embora...
Como é triste a lua que surge no céu.

É linda a névoa que cobre o mar,
O coração que minha alma abrange.

É triste a onda que nele surge,
É corrosivo o tempo de esperar ;
Sorrir ... sonhar..sofrer...desmaiar
Em pranto de escuro pensamento,
Vêm – me à lembrança, sem poder tocá-la !


SEM TÍTULO
O que fazes aí estrela solitária,
presa ao céu escuro, desorientada;
- Sou a última vela, última luz,
presa ao velório de Deus, a única acordada.

Mas tu és tão bela,
brilhas com tanta intensidade;
- É que o mar imenso me espera,
ao naufrágio de um amor, peço-te piedade.

Não se desculpe estrela errante ;
que haja uma saudade ainda presa,
tu aí , terás minha companhia estranha,
terás luz sobre minha escura mesa.

Se o mundo não te ama,
cabe ao desonrado poeta não amado,
uma última lágrima a desejar-te ;
um último beijo, que faça-o amaldiçoado!

Num suspiro morto e enterrado;
meus olhos já não podem ver-te;
diga a este que tu velas,
dá-lhe uma última lágrima! Contente!


NOITE DE SILENCIO
A noite é fria, calada,
Ruas desertas, nuvens negras,
Árvores feias, folhas secas
Venho uivando, rosa amaldiçoada ;

Minha triste vida foi arrancada ,
das minhas mãos, veias mortas...
A chuva alaga as feridas
podres da minh’alma abandonada.

Do coração a dor do amor,
A essência triste da dor,
deixa no ar o sussurro do silêncio,

O medo do tenebroso futuro,
que andamos rumo ao escuro,
e temo ainda meu coração sombrio !


INSANIDADE
Quando em noite de eternal doçura,
o poeta reclina o crânio ardente
num dormitar escuro e frio,
gemem as virgens do amor ausente.

O poeta que cansado da vida tristonha,
deixa no crepúsculo da vida o medo;
mas carrega no peito eternal vazio,
que nem o coração completa um peito amado.

Miserável que as noites sonha
tão alto quanto os céus;
dias e noites em busca de respostas;
- O que faço nesta terra meu Deus !?

Sou poeta, amo, desânimo é só o que sinto;
Meu coração sempre me deixa só;
Leve deste caixão o que resta;
- Não resta coração, nem amor, apenas pó !

foi tudo o que conquistei na vida,
transformar-me em nada, nem flor;
deixo para trás amores não vividos;
deixo a meu filho um’alma de dor.

Isto é ser poeta, nada mais !?
Isto é ser romântico, então é ser infame !?
A tudo que o poeta busca, solidão
É apenas o que encontra, morre a fome

Do pobre profeta, que se alimenta
do pranto na qual chora, se Cristo
morreu por nós nesta terra,
como o homem merece isso !?

Se o homem conquistou a liberdade,
se o julgam por maldade, morre altivo
o poeta que sobre a página feia que escreve
amores desiludidos, ainda do passado continua escravo !?

Diga-me alguma coisa santo Deus,
como pode a voz d’ uma mulher ferir-me a alma,
se o passado se apaga da memória,
quando chora o poeta, e diz que não a ama 1?

Agora sem rumo, sem crenças,
o poeta nesta terra já não pode viver ;
Então Deus se não pode me ouvir,
peço–te por orações, cubra meu caixão e deixa-me morrer.


HUMANO ORGULHO
Travado entre o dragão no humano orgulho
forma a complicação desse barulho ;
No célere caixão que ia, e nele, inclusas,
de aberratórias abstrações abstrusas !

Nesse caixão iam, talvez as musas,
as mais contraditórias e confusas ;
Mas o ramo fragílimo e venusto
há de crescer, há de tornar-se arbusto.

Quis compreender quebrando etéreis normas,
minha vida ignota e sofredora,
que por estes séculos passados, foi as formas
vermiculares do meu futuro que me assombrava.

Como meus olhos tentando apagar
da minha oriunda memória, vestígios
amargos da minh’alma imunda,
meus amores são perseguidos como fugitivos.

Palpando na treva escura minha consciência
perdida no cosmos do nada no universo ;
Esta mísera aberração da ciência
humana que não explica minha terrível dor !

O manto das nuvens que cobrem o céu,
cobre talvez meu corpo impuro ;
A lua que sobre o mar remete luz infortuna
há de fazer mal a minh’alma, ao meu pranto puro !

E neste futuro escuro e hediondo,
meu coração, há de apodrecer sozinho
no precipício fundo da minha subconsciência,
e a todos os idiotas ; e meu cérebro mesquinho.

E nesta noite, hei de calar meus gritos,
vou ao tântalo gemer o meu silêncio,
soltarei as correntes fortes que me prendem,
arrebentarei as grades do meu coração partido !


COMPAIXÃO PELA MINH’ ALMA
Meu sorriso é triste, como o vento
a noite no cemitério sombrio;
Minh’alma é depressiva, como o peito
ofegante de mãe...lágrimas e soluços, pelo filho morto.

A chuva cai em miúdas gotas como orvalho,
que no campo molha as plantas já secas ;
secas, assim, como o meu triste coração
que jaz dentro do peito, minhas mãos fracas,

palpam na treva tua face na escuridão.
O céu nevoente de negras nuvens infames ;
cortam os céus avermelhados da podridão,
que na minha mente impõem a maldita terra!

-Compaixão, compaixão! Oh! Deus salva-me
desta dor horrenda que meus nervos sentem ;
Desta vida que nem um sorrir me alegra-mata-me ;
-Mata-me, mata-me! Oh! Ser supremo do infinito.

Minh’alma é triste, como a andorinha no rio;
bebendo a última gota de água antes da morte;
Sinto-me já acabado, terminado, é tão frio ,
o cálice de fogo que foi minha mocidade.


NOITES DE LOUVOR
A noite desce dos céus,
cantando amores, aos eternos amantes;
Tão abençoados como o mar, os amores,
que nos templos do futuro morrem de saudades.

É outro mundo, além, as estrelas risonhas,
fazem-se de companhia à lua bela;
que ilumina as ondas dos ais do coração,
e embala a alma no cântico da donzela.

E por entre sonhos de infante,
chora e ri, como um poeta errante
faz de seus louvores e amores,
como faz a primavera com as flores.

E quando alta a noite no clarão,
sai cantando suas melodias de crianças ;
que no seio do amante, dorme sem temores,
com a mão no coração, e soltas as traças !


VISÕES DE MORTE
Minha morte é uma vaga visão,
uma nódoa sombria que surge nos sonhos meus,
Que me faz chorar e agonizar de saudade,
da vida morta que zombava da mocidade...

Hoje lágrimas de sangue me ardem os olhos,
como se fogo fosse, por toda a eternidade,
hei de sentir tanta dolorosa amargura ;
e, talvez, você seja minha última cura.

Amanhã restam-me da caveira o pó
que dentro da tumba o vento não levaria;
só para me ver sofrer mais nesta terra
onde habitam parasitas imundos...GUERRA !

-Silêncio, minh’alma vai volver ao nada,
pois quando voltar de sua jornada,
já não serei um poeta vigoroso
de faces róseas, serei apenas um invejoso,

daqueles que apodrecem no porão
qualquer de um cemitério imundo;
Serei somente cartilagem e pó,
um nada, um pobre poeta triste e só !

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Bianca dos Reis de Oliveira - Poesias

MAR

Sentada em um banco
Vendo balançar
Aquelas ondas tão lindas
Vindas à beira mar
Logo vi um navio a passar
Foi aí então que naveguei
Na imensidão de um belo Mar


VIDA

Vida Vida boa
Vida minha, vida sua
Doce vida , é a sua vida
Vida vivida, vida bela
Vida cheia de alegria
Vida é violão, como poesia e canção
Vida é só alegria, como palhaço e folia.

Manhosa Lobavirtual - Poesias

ABENÇOADA...

Preciso...tudo que preciso...
Ter meu coração com muito amor... nenhum espaço para ódios...
Não posso deixar asfixiar o resto de inocência que tenho no meu intimo....
Meu sorriso será sempre verdadeiro...
Qualquer pedra no meu caminho... será só alerta...

A musica que escuto...
Que alegra meus momentos...
Momentos que são meus... secretos... íntimos...
Me faz forte...

Preciso do calor do sol em minha vida...
Da magia da força da natureza...
Dos ventos...
Do silencio da noite...
Da beleza impar do amanhecer...

Cada dia para mim é um recomeço...
Minha alma dança entre os raios de luz...
A cada carinho...
Meu coração acelera... celebra... o encanto da amizade...

Mesmo em momentos de cansaço...
Nas horas silenciosas... da solidão...
As lembranças doces... mantém minha alma envolta em ternura...
Meu coração batendo forte... no ritmo certo...

O sentir que sou querida...
Uma ternura invisível me eleva...
Suave acalanto me acompanha...
Minha alma... dança solta ... leve...

Em meu pensamento...
Meus amores...
Minha jornada... por esta vida...
Me faz sentir... abençoada...
Abençoada...

MOMENTOS...

Nossa vida é marcada por momentos...
Talvez... neste instante não seja o meu melhor momento...
Estou com muitas saudades...
Saudades de momentos do meu passado...
São bons momentos... mas hoje machucam...

Sei que nestas horas... a realidade... é medo...
Incertezas... do amanhã...
Mesmo sabendo que tudo tem o seu tempo...
Tanto alegrias... como tristezas... vem e vão...
Tem momentos que tentamos nos esconder...
Mas...
Sei que hoje... muito mais do que ontem...
Preciso ter fé...
Cada dia mais difícil o recomeço...
Sempre novos obstáculos... maiores...
Menores é a minha força...
Se os venço... vem mais...
Viver... esta sendo um desafio...

Mas...
Sei que não posso desistir...
Tenho que ter força para encarar de frente as perdas...
Deixar rolar as lagrimas que aliviam a dor...
Levantar a cabeça... abrir caminho na escuridão...
Prosseguir na caminhada...
O tempo vai curando as feridas... cicatrizando...

Mas...
Pessoas especiais também vêm chegando...
Novos sonhos... novas lutas para realizá-los...
Sempre buscando alcançar a felicidade....
Momentos diferenciados... muitos sorrisos... alguns silêncios...
Silêncio para escutar o coração...

Ainda tenho vida...
Estradas a percorrer...
Semeando e colhendo...
Momentos especiais...


RECOMEÇAR... É VIDA...

Na conquista...
Todos os sentimentos atiçados...
Embarcar nos sonhos...
Viver os mistérios...
Delirar com as surpresas...
Buscar o todo... mesmo por caminhos incertos...
Voar muito alto... libertar a alma....
O coração batendo aceleradamente...

Amar.. fazendo o próprio caminho...
Sem medo... acreditando...
Se sentindo especial...
Sendo envolvida... acarinhada...
que as estrelas brilham em razão de...

Nesta loucura de se fazer querer...
O querer... o ser... o ter... se confundem...
Misturam-se os sentimentos...
As vibrações são banhos de energias...
Os sonhos alcançam... os limites do finito...

Se...
A meta é atingida...
A felicidade é indescritível...
Mas...
Se...
Valeu pelo carinho do envolvimento...
Pelo sabor da paixão...
Recomeçarei... enquanto tiver vida...

O LIMITE DA VIDA...

O silencio que me envolve...
Fere os meus tímpanos com seu barulho...
É na noite... que mais forte se faz sentir...
Sozinha em meu quarto...
Aumento o volume da TV...
Fico quietinha...
Quietinha...

Nesta hora que o vazio aumenta...
E quando só a solidão me abraça... me amassa...
Minha cabeça gira... explodindo milhões de flashes...
A TV já se desligou no tempo marcado...
Reviro na cama...
Abro os olhos na escuridão...
Tentando assim apagar as imagens...
Elas... são lindas... tem cor e som...
Isto que mais castiga meu coração...

Não sei o que fazer para aplacar esta dor...
Esta sensação de estar sendo roubada...
Lá se vai... mais um pedaço do meu coração...
Meu esteio...
A noite findou... o vazio continua...
O dia amanheceu com chuva e vento...
Feio... igual como me sinto... feia... por dentro e por fora...
A manhã passou... fico cada vez mais frustrada...
Nada fiz... a não ser repassar um punhado de e-mails...
Li todos... mas não senti os conteúdos...
Só marquei presença atrás do meu birô no escritório...
Esta falta de esperança... no depois...

Aqui continuo... apática... meio insana...
Um por um dos meus amores... partem...
Parece um conta gotas... gotinha por gotinha...
Se vão meus tesouros adquiridos...
Dose homeopática de solidão...
E me dizem que assim é a vida...

Sempre lutei forte...
Nunca dei a cara para bater...
Nunca soube perder...
Tenho que continuar... escrevendo a história... mas...
Aceito o duro fato que nada dura para sempre...
Sempre soube... a vida tem um limite...

(Perda de um amigo... mais de 30 anos...)


SERENAR...

Estou com muitas saudades....
Sinto uma angustia a apertar meu peito...
Estou ansiosa... com medo... solitária demais....

Deitada sozinha na cama larga...
Sonho...
Sons de violinos...
A lua com sua luz esbranquiçada...
Me banha... me envolve... me embriaga...

Meu relógio já se gastou na espera...
Caíram os ponteiros...
seu tic tac...
Silêncio...

Fechar... portas e janelas...
o som do mundo...
Serenar... serenar...

MULHER...

Por estradas tortuosas sigo a andar...
A névoa é densa... pouco vejo...
Vou em frente...
Sem perceber as barreiras... vencidas e a vencer...
Vencendo a densa névoa... por um tempo fugaz...
Um raio de luz ilumina o todo...
Vem só... para me mostrar as belezas...
Me fazer sentir que vale a pena continuar...
Acredito e sigo... mesmo com passos trôpegos...
Tenho que ter esperanças...
Preciso confiar...
Insana... pouca lucidez... carente...
Mas...
Viva... sedenta... Mulher...

DIVAGANDO... MEU VIVER...

Julgar a vida... fazer escolhas...
Procuro o encanto... a ternura...
mundo dividido...
Pouca clareza... traz tristezas...

Treinamentos permanentes...
Para a busca da felicidade...
Procura de sabores... temperos...
Molho agre doce...

Visitantes perdidos... sem rumo...
Sons agudos... ferem a sensibilidade...
Respiro... suspiro...
Minha alma te busca...

Arquiteto... tento o renascer...
Suave chama de vela...
Faço de conta que vou... mas sempre volto...
Revolta... plágio do movimento das ondas do mar...

Nova estação... pinceladas com mil cores...
Um bando de pássaros sobrevoa...
Seus gorjeios convidam a dançar...

Escuto sussurros... distantes...
É o sol se escondendo da lua...
Mais um dia... riscado no meu calendário...

O AMOR...

Este mágico sentimento...
Enquanto nos embala... nos abala...
Nos faz insanos... mas doces...
É o vinho que embriaga...
Prazeroso delirar...
Nos transporta para o paraíso...
joga nas chamas do inferno...
Faz de nossas roupas farrapos...
Mas...
Nos veste com o brilho das estrelas...

Ele nos envolve... com pura ternura...
Nos suga e nos hidrata...
É como fogo ao vento...
Transcende... na direção do eterno...
Nos questiona... nos derruba...
Mas... nos abraça... nos dá dengos...
Perdoa sempre... nos consagra...
Envolve em seu mistério... e em sua prece...

É a verdadeira razão da vida...

Zélia Maria De Nardi - Poesias

UM SENTIDO PARA A VIDA

Esse continuo soluçar
que passa de era em era
é o desvendar silencioso
e último abandono dos anos.
Palavras e mais palavras
não sucumbiram
à ação dos tempos
e correm o mundo
em sutis transformações.
As trevas contornam caminhos;
o fascínio dos dias gloriosos
mergulharam no passado.
Envolvidos pelo silêncio
Caminhamos, violando
a lei da existência humana.
E o sentido da vida?
Renasço agora!
- NO AMOR –
um sonho infinito
de arrebatamento e exaltação
elevam todo meu ser;
a consciência se torna vigorosa
a liberdade criativa,
a alma transborda de paz
em luminosa alegria


DEUS E A MULHER

.......... e Deus
fez a mulher
com as cores do amor,
a refletir encanto,
olhar doce e penetrante
ternura e paz.
Nas profundezas da alma
em momentos de elevação,
a intimidade é alcançada
no encontro com o Pai,
na busca da própria fonte.
Na mulher encontra-se
o milagre divino da criação,
semente de proteção e vida.
E, num instante de paz
tudo se transforma...
Surge uma nova criatura
ocupando um lugar no mundo
onde o Ser acontece.
Num ímpeto de feminilidade
ela carrega a história nas mãos
com um sorriso confiante
de fé e esperança.
Ajoelhada em seu silêncio,
nos momentos de revelação pessoal,
a mulher se revela
mistério na humanidade,
num apelo eterno,
e... de infinito.


PAZ INTERIOR

“Eu sou a mais feliz
em todo o mundo”
ao longo da estrada da vida.
Sonhos audazes,
palavras ditas ao vento,
por vezes povoam meu ser
procuro a renovação espiritual.
e, no silêncio de mim mesma
Nessa doce espera
coloco minha nostalgia
no altar da esperança,
nas lembranças do tempo,
desvendando mistérios secretos.
No espírito do mundo
há uma dimensão da sabedoria humana,
inquietações ocultas
que despertam minha sede de infinito.
Brotam da espiritualidade
a centelha Divina ,
com o eterno e o absoluto,
conferindo um sentido
à todas as relações humanas.
No meu ímpeto
de renovação e transcendência
transformo as crises
em desafio para o amadurecimento
e, na busca de novas experiências
meu ser tem sede
de equilíbrio e paz interior.


MEU CAMINHO

No caminho da vida
meu coração clama amor incessante
num perfume de felicidade.
A brisa ondula a noite
com olhos de vagalume
e , com sono silencioso,
sou uma caminhante do tempo
sem hora para voltar.
Nos caminhos do mundo
meu pisar é leve e suave
para não machucar
as folhas ondulantes do outono...
Em delírios sem fim
meus passos apressados procuram
a surpresa da descoberta
Nunca estou sozinha...
o amor é contagiante
envolvendo-me com um
abraço infinito,
e, num olhar com luz própria
ultrapasso meu próprio ser.
Subir além dos sonhos
onde o tempo perdeu a memória
e a esperança continua,
é a essência da vida.
Nesse momento a alma se revela
em sutil encantamento
num caminho de eternidade.

Solange Ayres Ferreira - Poesias

TUDO ERRADO


Fui ao encontro do medo
Deixei tudo passar
Por não falar...
Fizeste tudo errado !
Agora só o tempo
Para acertar...

Meu perfume se esvai,
Meu sol não brilha mais,
Meu filho se foi...
Mas o amor em mim,
Só aumentou !

Vou buscar tudo
Novamente , ainda
Com você.


TABUS

Me destes a oportunidade
De concluir
Que eu poderia ser feliz!
Romper as amarras,
Grilhões e tabus...
Assim fiz e
Me descobri, então, feliz.
Voltar ao estágio anterior?
Não...não há razões...
No hoje, pés no chão
Consciente !
Eu podia, sim,
Ser mulher e feliz,
Descobrí que podia
Quando te conhecí !


SENTIDO

Quando uma flor se abre,
Quando um dia nasce,
Quando uma criança sorri,
Quando a gente ama...

Encontra o perfume,
Agradece a noite,
Volta a sorrir,
Vive a verdade !



É MUITO SIMPLES

É muito canto,
Um canto belo,
Indiscutível...
Não existe solidão,
Só existe beleza...
Eu tenho o melhor
Do mundo...
O mar, na sua imensidão,
O verde a me envolver ...
Deslumbrante,
O céu, repleto de energia,
O sol me aquecendo,
E a paz desejada...
Por todos!


PROFANO

Sempre procurei
Um amor puro;
Só encontrei o roteiro,
A cópia...o profano!
Por vezes ...
Parecia até arte,
(com direito)
Culto,adoração!
Sofri ao descobrir
Que não tinha cor,
Que não tinha calor,
Que não tinha coração!
Chorei...
Perdi a pureza;
Agora encontrei a dor,
E com ela,
Conheci a vida;
Agora..?
É vida, é nova!

Márcia Regina C. Farias - Poesias

Um tempo parado

Um instante suspenso.
Imenso nada onde nada acontece.
Estremece a alma – cortina opaca,
e é tão fraca a luz que a aura emite
que permite a densidão de sombras: avançam
e lançam por tudo um palor tão estranho!
Tamanho é o momento, o instante parado,
que brado nenhum alcança a garganta.
Nada adianta qualquer atitude
que mude, altere, o que está definido,
tudo contido no impossível segundo
em que o mundo num todo cessou de pulsar.
Ficar tudo imóvel, em silêncio, vazio,
nem frio nem calor nem luz nem escuro,
- é puro exercício, é teste de/mente,
e somente por isso se tenta entender
o poder in/tangível que a tudo domina
e fascina o instante imóvel no ar.
Não pensar, não sofrer, não ser nada,
em fragmentada luz se dissolver.
Viver este instante em compasso bem lento,
(e ter do momento imprecisa noção)
é a visão mais correta, o jeito, o remédio:
no epicentro do tédio encontrar solução.

Sementeira

Tempo de semear, tempo de colher.
Se o semear não foi bem feito,
haverá jeito de re-semear?
Não foi dor que plantei, foi esperança
e em bonança quis colher amor.
Plantei espinhos. Não sabia que os plantava:
esperava rosas florirem meus caminhos.
Onde busquei uma semente inútil
que tornou fútil o que semeei?
Foi nociva semente em seara errada?
Ou foi plantada em terra improdutiva?
Se plantei certo, mas em tempo errado,
do semeado enganos colherei?
Brotou na claridade tal semeadura
ou foi em noite escura que medrou?
Certeza não há que a seara foi negante..
-Quem me garante que a semente era má?
O que colherei, se minhas sementes
deram tão diferentes do que plantei?
...
Embora imperfeita a forma de arar,
- é tempo de ceifar, tempo de colheita.


Canção outonal

O sol se derramando na grama
com jeito de descuido: pálida chama
ébria de luz. É calma a tarde de outono.
Um salgueiro se debruça em abandono
no lago, a água mansa refletindo a flama
brônzea do plátano quase nu. A alfama
dos pinheiros revelada em seu sono
verde, e o céu acima, muito azul. Dono
das cores e do mundo sou, o drama
da vida esquecido. Deito em cama
de folhas, corôo nuvens num trono
flocado. Agora sou rei a reinar
no espaço, palhaço a pensar na fama.

Ao meu redor, como num sortilégio,
o bosque emudece, silente. Sacrilégio
o mais leve sussurrar ! Uma luz vagabunda
envolve tudo. Leve fragrância inunda
o ar: cheira a pinho, à terra. O régio
aroma de flores, o acre odor de capim, o privilégio
de aspirar o outono é meu. Vejo a corcunda
de um monte ao longe, envolto em funda
névoa feiticeira – o monte é mágico. O tédio
não existe, apenas o prazer, o assédio
brincalhão de aves em revoada, que redunda
em outro silêncio, outra calma, outro pensar,
levando ao coração a paz profunda.

(...e a sombra do sol na água fria...)

Ode a uma rosa amarela

Era uma rosa amarela
luminosa em sua cor.
Reflexo do sol, a florse
debruçava no espelho
trêmulo de murmurante regato.
Junquilhos perfumados
inclinavam verdes caules
na vária grama orvalhada:
embriaguez de aromas.

Quando o dia se fez noite
a lua veio, brilhante,
envolvendo a rosa amarela
numa redoma de prata.
Um vagalume pirata
brincou com o sono dela
- brilho de luz e cristal.
O junquilho suspirou,
recolhendo seu perfume.
Banhou-se o campo de lua.

De mannhãzinha: crua brisa,
soprando em total ciúme
da rosa tão pura e bela,
suas pétalas agitou.
A flor se abriu em carícia
- pensando ser sopro de amor...
A brisa virou aragem,
vento forte, ventania,
sopro de morte na grama,
nos junquilhos, na roseira.

O terno caule da rosa
vergou, pendendo à mingua.
Na manhã escurecida
a língua fria da chuva
lambeu o talo ferido
daquela rosa amarela,
deslustrando sua cor.
Suspirou a flor inteira
e nessa morte se entregou.

...Mas se entregou por amor.

Luz no mar

Veleiro deslizando manso
no verde mar em que descanso
o coração. A noite aparece
na tarde que empalidece
ainda envolta em mil cores:
azul, e ouro, estertores
rosas, larga faixa amarela,
bronze, vermelho...É uma tela
o anoitecer. Desponta a lua
alta no marinho céu, toda nua,
despida dos véus de esgarçadas
nuvens, a esmo,no ar jogadas
- como se joga uma camisola
antes do amor. Sensual marola
eriça o mar e, preguiçosa,
vem lamber a areia, desejosa
de possuir a terra ainda quente.
O horizonte se tinge de repente
de gris e prata, e se confrange
- punhado de luz. A brisa tange
o veleiro: porto, abrigo, cais,
escunas nos litorais.


Eu sou assim

Eu sou assim:
enluarada
Entardecida
luz matinal.
Sou insensata
intimorata
e racional.
Irrevelada,
eu me desnudo
a quem me queira
compreender.
Dual e múltipla,
porto tristezas
trago incertezas
sendo verdade.
Pantera, gata,
macia fera,
contida, vária,
hereditária,
orquídea, cardo,
yang, yin,
todas eu sou
- e sou assim!


Poesias publicadas no seu livro “O inververso no espelho” – Ed. Metrópole , Porto Alegre,1ª Edição 1993

Wolve Wherter Crowley - Poesias

Minha reminiscência

Tu ! Submerges minha memória,
Afogadas em suas lembranças
No profundo das amarguranças
Meu oceano da pena tortuória

Dramante Nênia de suplicer,
Situação de alguém ausente
Amargurado reminiscente
Pois a dor, faz parte de meu ser

Ah ! Meu vazio, o meu ferimento,
Dor ? Sensação, à mim sentimento
Da lembrança triste que não sabes.

Os dias são meu moral tormento
São pedras, que somam sofrimento
Pesam ! Por de ti sentir saudades.


Meu vinho em silêncio

Cortada as madrugadas,
Nas admirações minhas,
As noites enluaradas.

Deitada nas nuvens prateadas,
Embaladas no sopro da escuridão,
O céu noturno e o clarão
Minhas “noites em claro”!

Buscando lembranças e sozinho,
Querendo amores e bebendo vinho,
Se está vazio! Logo encho,

Para beber mais uma taça
Do cigarro tragada a fumaça
Calem-se! Meu vinho em silêncio!


Atroz madrugada

Estamos ébrios ao dia que vem esperar,
Neste fim de noite que estamos a blasfemar,
Incógnitos e oriundos esperando o dia clarear,
Para assim amenizar as dores e dormitar.

Esperando a última estrela se apagar
Neste véu que as nuvens escondem o luar,
Cataléptica em seu leito a florar,
O cântico dos pássaros, dizendo, o sal vai despontar.

Em marcha fúnebre a noite se despede, como múrmura
Na podridão dos versos, ao sol nos resta esperar,
Só resta dormir com as saudades do seu luar
Que a lua não nos quer, nesta noite mostrar.

Noite se estingue sem seu pranto deixar
Até a última vela também se apagar,
Verificando em madrugada no seu calar,
O último gemido nesta noite? Amar!

Eu cálido a poetizar em noite sozinho a me deixar
Andar pela penumbra sem te enxergar,
Tristezas vocíferas de minha boca sangrar
Toda a amargura que me fez chorar.


Será o vinho este companheiro inseparável

Será o vinho este companheiro inseparável,
Que nesta noite nos busca na solidão,
E nos torna pensativos ao momento favorável
E além das luzes estaremos na escuridão.

Lembrai-vos, será este momento sacro
Que à nós cabe o último desabafo
E cantamos, nosso sofrimento devastado
Por toda eternidade nesse mundo escasso

Oh ! Minha suprema dor infinda
Que o vinho mergulha nesta letargia
É nossa mísera vida !
Nos resta beber,sofrer, esquecer esta agonia

Mas, será ele que na solidão nos consola,
Nesta noite onde nem o amor nos conforta
E na vida foi parasita de nossa aurora
A flor da mocidade que agora tu cortas

E por ele foi amante insaciável
Até nos momentos de lágrimas
Amar, sofrer, viver, o vinho companheiro inseparável
Que nas noites, amigo tu choras !